Weintraub escancara porta do MEC para setor privado no ensino superior

Após anunciar corte orçamentário em universidades federais, ministro diz que o crescimento do ensino superior se dará via iniciativa privada

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou que o crescimento do ensino superior no Brasil será pela rede privada e que o MEC dará liberdade a essas instituições. “Liberdade pra produzir, liberdade pra trabalhar, liberdade pra atingir os seus objetivos, ainda que tarde. O MEC vai ser aliado nesse processo. Os senhores são muito bem vindos ao MEC, senhores, senhoras com propostas, com projetos”, disse o ministro.

A declaração foi feita na quinta-feira 6 durante abertura da 12ª edição do Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular (CBESP), em Belo Horizonte.

O ministro deu a entender que deve afrouxar as regras de regulação das instituições particulares. “Queremos que a sociedade possa buscar sua felicidade, seus sonhos. Isso só é possível com um ensino superior baseado fortemente na iniciativa privada e livre”, disse.

Weintraub acrescentou ainda que “esse governo defende o viés liberal na economia e conservador nos costumes. Se há duas pessoas honestas tendo uma relação econômica livre, por que alguém tem que interferir? Para que criar um monte de regras entre uma pessoa que quer estudar e um grupo que quer ensinar?”

Com cortes, universidades federais podem interromper atividades

O titular do MEC justificou a medida alegando que, diante da perspectiva de crescimento para o País, o Estado e as contas do setor público não teriam condições de atender às demandas futuras. O ministro fez uma projeção otimista sobre a economia do País aos donos e dirigentes das faculdades particulares e afirmou que o Brasil deve chegar ao fim do ano com crescimento de 3% do PIB. Garantiu, no entanto, que o espaço para as universidades federais e estaduais está mantido.

No final do mês de abril, Weintraub anunciou um corte de 30% no orçamento de três universidades federais – UnB, UFF e UFBA – alegando baixo desempenho acadêmico e “balbúrdia”, fazendo referência a festas e eventos promovidos pelas instituições. Depois de uma má repercussão o corte foi estendido a todas as universidades e institutos federais do País, e segue ameaçando o funcionamento das instituições.

Por Ana Luiza Basilio, na Carta Capital