Uma educação esquizofrênica: O caso do Chile e suas políticas educativas

Os educadores são tensionados e se transformam em autômatos que constroem uma identidade que também se debate entre a defesa de uma educação integral e uma educação instrumental baseada em avaliações padronizadas.

O sistema escolar do Chile, desde a reforma neoliberal no marco da ditadura de Pinochet, tomou um rumo inexorável para o precipício e a enfermidade: a esquizofrenia.

Assim é, de fato: em um sistema que menciona em suas políticas que a educação é um direito, que busca a formação integral dos cidadãos, que promove e celebra a inclusão e que, além disso, busca a realização e a maturidade de seus cidadãos, o que se faz é implicitamente declarar que busca a felicidade e o bem estar de todos, o que se distancia bastante da realidade atual.

É quase redundante afirmar que o Chile tem sido um verdadeiro laboratório de ideias neoliberais, que Milton Friedman e seus seguidores cunharam, implementadas sob um regime ditatorial (a sangue e fogo), quase sem resistência dos cidadãos e que, depois, no regime democrático, foram preservadas, aperfeiçoadas e aprofundadas.

Neste sentido, a educação é um bem econômico e um serviço a ser comprado e negociado, que não é estranha à lógica neoliberal, que busca melhorar a qualidade das escolas e ensinar por meio da competição, da incorporação do ensino privado e descentralizado. Um balanço de mais de 30 anos de sua aplicação demonstra que não melhoraram nem a qualidade e nem a equidade do sistema. Em vez disso, aumentaram a desigualdade, a segregação da educação por nível socioeconômico e a produção de guetos educacionais. Com isso, houve o aprofundamento da desigualdade em nível social e a instrumentalização e mercantilização de um direito tão básico e necessário.

No entanto, houve iniciativas políticas e sociais que buscaram reverter a “neoliberalização” da educação e tentaram torná-la correta e pouco comerciável. Entre essas políticas estão a chamada “inclusão” e todas aquelas cuja intenção tem sido gerar ações de discriminação positiva para os estudantes chamados “vulneráveis”, através do aumento de recursos econômicos e pedagógicos, para compensar as desigualdades estruturais.

Entre essas políticas está a Lei de Bolsas Escolares, implementada desde 2009, que fornece recursos financeiros adicionais a todas as escolas, com a condição de desenvolver um plano de melhoria, medido por indicadores quantitativos construídos externamente que, por sua vez, estão vinculados aos resultados obtidos pelos alunos na avaliação padronizada e censitária do Sistema de Mensuração da Qualidade da Educação (SIMCE).

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