“Falar é a melhor solução”: Marx sobre o suicídio

Segundo o Centro de Valorização da Vida (CVV), o lema deste ano, “Falar é a melhor solução” busca a quebra de tabus e o enfrentamento do problema. É preciso saber como preveni-lo e isso só se sabe com informação e conhecimento. Por isso, é preciso falar.

A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo, segundo a OMS. Ela projeta para 2020 cerca de 1,53 milhão de mortes voluntárias. Um sintoma da organização deficiente de nossa sociedade, como alertou Marx. Falar é preciso.

Em todo  10 de setembro é realizado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, proposto em 2003 pela Associação Internacional para Prevenção ao Suicídio, resultado de uma parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, o movimento começou em 2014, e tem por símbolo o laço amarelo.

Em 1846, Karl Marx ainda estava elaborando seu sistema materialista dialético de análise da história, quando publicou no “Espelho da Sociedade” um ensaio intitulado “Peuchet: sobre o suicídio”. “Espelho…” era o Órgão de Representação das Classes Populares Despossuídas e de Análise da Situação Social Atual” da Alemanha. O materialismo dialético ainda não estava consolidado, mas, como diz Matheus Felipe de Castro no seu “O Papel do Humanismo na Formação do Pensamento do Jovem Marx”, o humanismo do jovem filósofo já estava ancorado “em temas que vão questionar a própria humanidade como produto, ou seja, como construção social a partir da auto-atividade humana, elemento de produção primeira da sociedade. Como ele mesmo expressara em sua VI Tese sobre Feuerbach, ‘A essência humana não é uma abstração inerente ao indivíduo isolado. Na sua realidade, ela é o conjunto das relações sociais’. A magnitude desta constatação é a verificação de que a natureza humana não é uma natureza abstrata, metafísica, imutável, mas na verdade uma natureza concreta, dos homens em sociedade, no burburinho da vida, no clamor das ruas, no vozerio da multidão, na luta de classes, na transformação constante da vida”.

No ensaio, realizado quando tinha 28 anos, Marx aponta que “a pretensão dos cidadãos filantropos está fundamentada na idéia de que se trata apenas de dar aos proletários um pouco de pão e de educação, como se somente os trabalhadores definhassem sob as atuais condições sociais, ao passo que, para o restante da sociedade o mundo, tal como existe, fosse o melhor dos mundos”. Alerta que o número anual dos suicídios  “deve ser considerado um sintoma da organização deficiente de nossa sociedade; pois, na época da paralisação e das crises da indústria, em temporadas de encarecimento dos meios de vida e de invernos rigorosos, esse sintoma é sempre mais evidente e assume um caráter epidêmico. A prostituição e o latrocínio aumentam, então, na mesma proporção. Embora a miséria seja a maior causa do suicídio, encontramo-lo em todas as classes, tanto entre os ricos ociosos como entre os artistas e os políticos. A diversidade das suas causas parece escapar à censura uniforme e insensível dos moralistas”.

Fonte: Contee

Leia o livro aqui:

http://movaut.net/livro/Marx%20-%20Sobre%20o%20Suic%C3%ADdio%20(Boitempo).pdf