Taxa de transmissão da Covid-19 no Brasil é a maior desde maio, aponta Imperial College

Índice que mede o ritmo de contágio (Rt) passou de 1,10, em 16 de novembro, para 1,30 no balanço divulgado nesta terça-feira (24).

Por Lara Pinheiro, G1

A taxa de transmissão (Rt) do novo coronavírus (Sars-CoV-2) para esta semana no Brasil é a maior desde maio, apontam dados do Imperial College de Londres, no Reino Unido. A atualização da estimativa foi divulgada nesta terça-feira (24) e se refere à semana que começou na segunda (23).

O relatório mostra que o índice está em 1,30. Isso significa que cada 100 pessoas contaminadas transmitem o vírus para outras 130 pessoas. Pela margem de erro das estatísticas, essa taxa pode ser maior (Rt de até 1,45) ou menor (Rt de 0,86). Nesses cenários, cada 100 pessoas com o vírus infectariam outras 145 ou 86, respectivamente.

Infográfico mostra taxa de transmissão (Rt) do novo coronavírus (Sars-CoV-2) no Brasil, segundo Imperial College de Londres — Foto: Fernanda Garrafiel/G1

Infográfico mostra taxa de transmissão (Rt) do novo coronavírus (Sars-CoV-2) no Brasil, segundo Imperial College de Londres — Foto: Fernanda Garrafiel/G1

A última vez que a taxa de transmissão no Brasil esteve tão alta foi na semana de 24 de maio, quando atingiu 1,31, segundo dados levantados pelo G1. O valor máximo possível naquela data, considerando a margem de erro, foi de 1,34.

A última vez que a taxa máxima de transmissão no país foi maior do que a vista nesta semana foi na semana de 17 de maio. Naquela data, o Rt estava, de novo, em 1,30, mas o valor máximo podia chegar até 1,47, segundo a margem de erro.

Os cientistas apontam que “a notificação de mortes e casos no Brasil está mudando; os resultados devem ser interpretados com cautela”.

Simbolizado por Rt, o “ritmo de contágio” é um número que traduz o potencial de propagação de um vírus: quando ele é superior a 1, cada infectado transmite a doença para mais de uma pessoa e a doença avança.

Depois de ficar abaixo de 1 por cinco semanas seguidas – entre o final de setembro e o final de outubro – , a taxa no Brasil voltou a ficar acima de 1 no início de novembro.

Há duas semanas, o número ficou em 0,68, o menor valor desde abril – mas a data coincide com o apagão de dados que atrasou a atualização de casos e mortes por Covid-19 pelo Ministério da Saúde. Como o Rt também considera esses dados, isso afeta as estimativas.

Além da estimativa do Imperial College de Londres, pesquisadores brasileiros também monitoram o Rt.

Cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp) calcularam, para esta semana, um Rt de 1,64 para o estado de São Paulo. Eles preveem um provável aumento no número de infectados no estado.